quinta-feira, setembro 30, 2010

Mel na Cova da Beira

À bem pouco tempo,encontrei algures um frasco de mel, esquecido numa prateleira de uma despensa, este mel da Cova da Beira, com um traço acentuado a Cerejeira, é em todo saboroso. Devido ao seu tempo já deve de ter passado por várias cristalizações, e estava divinal, nunca entendi porque colocar a validade num produto tão natural.
Eu quando tiver netos, os seus filhos comerão do mel que tirei este ano, sem problemas nem medos acrescidos.

Pois não sei se o Sr. David Santos ainda é produtor, o rotulo deste frasco já é bastante antigo e o preço ainda estava em escudos.
Amigo David, tenho uma autentica relíquia, uma reserva e um testemunho de uma boa colheita de à uns tempos passados, continuação de boas crestas.
Sempre que passe pelo frasco vou sentir este magnifico paladar.

13 comentários:

Noesis disse...

Boas
Concordo plenamente contigo, também nunca entendi o porquê de existir um período de validade no mel, mas penso que é por causa de questões de legislação.
Segundo o que li algures, existe legislação para a rotulagem de frascos de mel e ao que parece é obrigatório a apresentação do prazo de validade.
Agora como se determina esse prazo de validade, isso queria eu saber.
já agora e se alguém encontrar essa legislação de rotulagem de frascos de mel e poder por aqui, agradecia.

Saudações apícolas
Abraços
Marco

Mário disse...

Amigo Marco, uma boa noite, creio que na pagina da Fnap esta la o PDF com a legislação, agora não tenho muito tempo, mas vou procurar.
Creio que seria mais lógico substituir o prazo de validade por uma data de extracção e embalagem do mel, mas os pensadores é que mandam, a nó os pequenos só nos resta reclamar :))

Abraço
Ferradela

montedomel disse...

Caros Marco e Mário,

Concordo convosco, de facto mesmo o mel "velho" aparenta uma frescura infinita...

No entanto, não nos podemos esquecer que estamos num mundo em constante mudança (já o dizia ou subentendia A. Lavoisier). Todas as substâncias mudam, sobretudo as de origem orgânica, sofrem uma evolução química.
O mel, com o passar do tempo produz e acumula uma substância designada por HMF (Hidroximetilfurfural - nome bonito para baptizar alguém...:-))
O teor do dito HMF pode ser utilizado (enter outros) como uma medida da frescura ou se preferirem da idade do mel. Este teor só é mensurável em laboratório, com recurso a equipamentos específicos.

Ainda este ano vi uma série de análises químicas a amostras de mel onde a larga maioria apresentava um teor de HMF na ordem dos 5mg/Kg, o que corresponde aproximadamente ao valor normal à data de cresta.

Se nenhum factor alterar a evolução normal do mel, este aumentará o respectivo teor de HMF em (1) ponto por mês. Ou seja se tem 5 à data de cresta terá cerca de 40 mg/Kg ao fim de 35 ou 36 meses (3 anos). A legislação não permite méis com mais de 40 de HMF, salvo os méis destinados à indústria (para transformar) que podem ir atá aos 80 mg/Kg (se ainda não alteraram a lei).

Então, quando crestamos assumimos um teor de HMF que ronda os 5 pontos, damos uma "data de durabilidade mínima" de dois anos e esperamos que findo esse período o mel ainda esteja bem dentro da margem de segurança antes do limite imposto por lei.

Quando colocamos a "data de durabilidade mínima" num rótulo, estamos a garantir perante uma eventual fiscalização que os parâmetros fisico-químicos impostos por lei, como o HMF, o ID (Indice Diastásico, Humidade, etc...) não ultrapassam os limites. Pelo que não convém "dar" prazos muito alargados senão...

O que pode influenciar o HMF, para além do seu aumento normal?

1) Dizem que as ceras velhas aumentam o HMF, originando logo à data de cresta méis "envelhecidos" ou seja com um teor elevado, o que lhe reduz a "durabilidade".

2) O aquecimento do mel (mesmo só para descristalizar) é outro dos factores que pode "envelhecer" o mel, aumentando-lhe muito o HMF.

3) Acredito que um mau armazenamento do mel nas prateleiras do supermercado (fora da responsabilidade do apicultor?) ao Sol, num local muito quente, também possam afectar esse valor...

Mário, desculpa lá este "sermão" no espaço do teu "Ferradela", apesar disto aconselho a consultarem a legislação...

abraços

Joaquim Pifano

montedomel disse...

Caros Marco e Mário,

Concordo convosco, de facto mesmo o mel "velho" aparenta uma frescura infinita...

No entanto, não nos podemos esquecer que estamos num mundo em constante mudança (já o dizia ou subentendia A. Lavoisier). Todas as substâncias mudam, sobretudo as de origem orgânica, sofrem uma evolução química.
O mel, com o passar do tempo produz e acumula uma substância designada por HMF (Hidroximetilfurfural - nome bonito para baptizar alguém...:-))
O teor do dito HMF pode ser utilizado (enter outros) como uma medida da frescura ou se preferirem da idade do mel. Este teor só é mensurável em laboratório, com recurso a equipamentos específicos.

Ainda este ano vi uma série de análises químicas a amostras de mel onde a larga maioria apresentava um teor de HMF na ordem dos 5mg/Kg, o que corresponde aproximadamente ao valor normal à data de cresta.

Se nenhum factor alterar a evolução normal do mel, este aumentará o respectivo teor de HMF em (1) ponto por mês. Ou seja se tem 5 à data de cresta terá cerca de 40 mg/Kg ao fim de 35 ou 36 meses (3 anos). A legislação não permite méis com mais de 40 de HMF, salvo os méis destinados à indústria (para transformar) que podem ir atá aos 80 mg/Kg (se ainda não alteraram a lei).

Então, quando crestamos assumimos um teor de HMF que ronda os 5 pontos, damos uma "data de durabilidade mínima" de dois anos e esperamos que findo esse período o mel ainda esteja bem dentro da margem de segurança antes do limite imposto por lei.

Quando colocamos a "data de durabilidade mínima" num rótulo, estamos a garantir perante uma eventual fiscalização que os parâmetros fisico-químicos impostos por lei, como o HMF, o ID (Indice Diastásico, Humidade, etc...) não ultrapassam os limites. Pelo que não convém "dar" prazos muito alargados senão...

O que pode influenciar o HMF, para além do seu aumento normal?

1) Dizem que as ceras velhas aumentam o HMF, originando logo à data de cresta méis "envelhecidos" ou seja com um teor elevado, o que lhe reduz a "durabilidade".

2) O aquecimento do mel (mesmo só para descristalizar) é outro dos factores que pode "envelhecer" o mel, aumentando-lhe muito o HMF.

3) Acredito que um mau armazenamento do mel nas prateleiras do supermercado (fora da responsabilidade do apicultor?) ao Sol, num local muito quente, também possam afectar esse valor...

Mário, desculpa lá este "sermão" no espaço do teu "Ferradela", apesar disto aconselho a consultarem a legislação...

abraços

Joaquim Pifano

Mário disse...

Amigo Pifano, obrigado pela explicação e em duplicado lol, está muito explicito, contudo toda essa informação não cabe nos rótulos, e muito menos está na consciência de todas as pessoas, creio que está errado (e é a minha opinião) colocar os tais ditos 2 anos de validade num produto que sabemos que é mais puro que a "santíssima trindade" só por causa do HMF do mel.

Nesse caso está na responsabilidade de quem o vende, ainda a pouco tempo estava num supermercado, em que o meu alvo era umas embalagens de café capuchino instantâneo, mesmo em frente onde está o mel exposto, em que um casal de meia idade não levou um frasco de mel de 500gr de uma marca nacional bem conhecida, só pelo simples facto de faltar 3 meses para a caducidade descrita no rotulo, pois em três meses não iriam consumir os 500gr de mel, e como se estivessem a comparar a um iogurte.

Agora imagino-me eu a ver aquele mesmo casal, a ver de mel, em que o rotulo em vez da validade tinha ano de produção (ex: 2008) ficava na sua consciência leva-lo ou não, pois só pelo facto de ter um prazo de validade, obriga a uma regra, (passa dos 2 anos(então não comprar((está estragado))) regra essa, que pela maneira que está elaborada é tipo feita a despachar.

Já deve de ter havido com certeza, gente que comprou o mel "fora" da tal dita validade e que não está estragado, mas sim envelhecido, (como muito bem referes) e uma vez que o HMF não prejudica em nada a saúde humana, mais uma vez o mel não está estragado, nem muito menos fora do prazo da validade.

E para a industria os meis com alto teor de HMF já podem ser utilizados, que tipo de industria, a alimentar?? pois!!...

Amigo Pifano, grande abraço
Ferradela

Anônimo disse...

Se fosse vinho, quanto mais velho melhor e mais caro.

Abraço Ferrão

Abelha Preguiçosa disse...

Eu já tinha ouvido falar muitas vezes em HMF mas por preguiça nunca me deu para estudar o assunto. Esta explicação do Mestre Pifano já me poupa algum tempo!

Só me parece que, caso valores mais altos de HMF em nada prejudiquem a saúde, então talvez a expressão "prazo de validade", assim tão definitiva, não seja a mais apropriada.
Até porque pode criar no consumidor a confusão com outros produtos que realmente se estragam ao ponto de nos fazerem mal.

Mário disse...

Amigos, venho fazer uma correcção e alteração ao meu ultimo comentário referente ao HMF no mel.
Recorri a um laboratório de bromatologia e o desfecho é o seguinte: O HMF no mel é efectivamente prejudicial para a saúde humana e até pode ser cancerígeno, se, e só se for em concentrações com níveis muito mas muito elevados, só em condições muito adversas e aliadas a bastante tempo de idade é que poderão ser atingidos níveis de risco considerado.
O HMF é a transformação dos açucares naturais, e até o vinho antigo ou envelhecido é rico em HMF e os seus valores nunca chegam a atingir uma concentração considerada de risco.
Quando o mel é aquecido sofre uma aceleração no seu envelhecimento, e aí sobe os níveis do HMF.
Vai ser feita analise e teste a mel Ferradela com alguns anos de existência, em que ainda por cima vai ser envelhecido em laboratório, postarei depois os resultados com todo o gosto.
Abraços
Ferradela

Anônimo disse...

Sr. Ferradela, se assim o posso tratar, tem ai assunto para mangas, é um tema muito complexo, acredite que tenho toda a curiosidade em ver os resultados finais.
mandei-lhe um amail e não sei se o recebeu.
Saudações apicolas
Manuel José

Unknown disse...

Não vou comrntar a validade do mel que. Deve ter cuidado com alimentação pois o mel é calórico. O que me preocupa é a escita da nossa língua. Asua escrita também é pobre.

Anônimo disse...

Luisa, si su preocupación es la escritura y el contenido calórico de la miel, y luego vete a una escuela

mbemchaves@yahoo.com.br disse...

Prezados Mario.

Estou aqui no Brasil, aguardando o resultado sobre a nocividade do HMF à saúde humana.

Cordiais saudações

Murilo de Bem Chaves
Rio Grande, RS/Br.

Mário disse...

Amigo Murilo, somos "dois" que aguardamos pelos resultados, também eu estou ansioso por saber, vamos aguardar um pouco mais.

Abraço
Ferradela